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Jaguariaiva Parte 3 - Cânion do Vale do Codó


Continuando, nesta TERCEIRA PARTE eu narro o pedal até o Canion do Vale do Codó em Jaguariaiva, Paraná. Quem me acompanha e me guia neste ride é o meu amigo Osmin Ferraz da Itararé Adventure Bike. Tem um vídeo bem bacana das Brumas do Cânion do Vale do Codó.

No sábado finalmente chegou o grande dia do Ride Bike Cânion do Vale do Codó. Eu estava me sentindo abençoado. Meu amigo Osmin veio até hotel e seguimos rumo ao Sertão de Jaguariaiva. O calor estava de torrar. Ao iniciarmos, uma tempestade começou a se formar e quase abortamos, mas o vento carregou o temporal pra cima da floresta e seguimos sob uma chuvinha refrescante, o que contribuiu e muito para meu rendimento.


Minha bike é no estilo “eu que montei”, ela é praticamente um “Jipe” mas a bike do Osmim, essa sim é uma montain bike SCOTT dos sonhos, com quadro de carbono, roda 29´, e apetrechos tecnológicos de última geração que elevam o desempenho do ciclista à 100%, o cara nem sentia o pedal em subidas com elevação máxima e a decidas precisas e seguras garantidas pelos pneus dos freios com disco. Além de linda. Gostei dessa bike. Ele tem duas lojas modernas, uma ali em Jaguariaíva e outra em Itararé além de vender pela internet.

 Scott Brasil - Bikes

Os primeiros quilômetros foram relativamente tranquilos, salvo o desgaste de uma subida de cerca de 40 minutos com elevação de 1100 metros.
Depois, meu irmão Brodinh@, a estrada alucina com barro, pedra, pirambera, subidera que não acaba mais. A parte emocionante ficou por conta de atravessar o rio na correnteza.



Estacionamos as bikes e depois de um treking de uns 30 minutos pela floresta a visão é deslumbrante. Brodinh@ é de desfalecer as pernas.








O Cânion se abre, como um prelúdio que anuncia “você ainda não viu nada”. Toda a água do rio despencade uma altura de mais de 70 metros somado ao horizonte de rochas que rasgam a terra pra água passar.


Confesso, eu chorei de emoção. Primeiro pelo toque sutil do ato criativo de Deus, que se manifesta como uma pincelada de um artista, carregada de fúria e força, que rasga as montanhas, carrega de verde e faz jorrar a água violentamente, e que num instante de contemplação apenas, se reverte gradativamente em suavidade, graça e paz.



E a lágrima se integra ao rio, o cansaço á força da terra, e o vento leva pra longe o suor. Um convite à pausa. É a esplêndida resistência e superação: a vida!


Subimos o rio e tomamos um banho de cachoeira. Água refrescante e revigorante.
Seguimos novamente pela estrada rumo ao Vale do Codó. Mais pirambeira e subideira, até que finalmente chegamos. A beleza do cânion extravasa. Não há como narrar a monumental grandeza das escarpadas montanhas em contraste com a humildade de Rio Jaguariaíva que ao longo das eras foi lentamente esculpindo o vale.









Meu tio João Augusto, o tio “Neno” me contou que caçava e pescava com meu pai por esse vale. Meu pai também ostentava fotografias em um velho álbum que registrava suas façanhas de aventureiro, pescador, caçador. Acho que vem daí minha alma nativa.
Tenho uma memória de menino, piá de 10 anos mais ou menos, na qual meu pai nos levou, eu e meus dois irmãos, ao vale para uma aventura. Ele nos atravessou pelo rio nadando, um a um agarrado em suas costas para vencer a corredeira. Ficamos num rancho ao abrigo de um teto de piaçava, um fogão a lenha e camas de pau-a-pique. Lembro-me das pescarias de lambri e o inesquecível café tropeiro feito na água fervente e uma brasa para o pó descer.



Sentado ali na beirada do abismo, eu montava esse mosaico com peças do passado e da realidade do presente, buscando um novo sentido, uma refrigério.



Num momento mágico que só o Caminho oferece, uma bruma suave veio surgindo lentamente do vale, nos encobriu com um toque refrescante e com cheiro de orvalho e tudo, absolutamente tudo desapareceu, como um desenhista que passa uma borracha em seu esboço. Veja esse lindo vídeo registrando as Brumas do Cânion do Vale do Codó.


Brumas do Vale do Codó from Julio Cesar Ponciano on Vimeo.

Esse “Black-out” ao avesso chegou como um abraço da natureza, como quem sussurra: “Eu vejo você...”. Deus se manifesta a nós por de sua criação.


Esvaziado de tudo, tinha em mim apenas um indescritível sentimento de gratidão.
Um suspiro profundo anuncia que é hora de voltar. Mais pirambeira e subideira e depois comer poeira na estrada, coisas que só com uma bike a gente pode vivenciar.




O GPS do meu iphone conseguiu marcar o percurso na ida e depois perdeu o sinal, mas a volta foi no mesmo rastro. Fica o registro para quem interessar, Rota Vale do Codó não esquecendo que, um quilometro na montanha, não é igual a qualquer outro lugar.

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Gostaria de dedicar esta incrível aventura à minha tia Vilma Sampaio e em memória do meu tio José Carlos Sampaio.





Um comentário:

Jonathan dos Santos Rodrigues disse...

Parabéns pelo blog cara. Belas palavras.