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Superagui - Pedalada até a Vila de Marujá



O relato desta aventura começa já na Ilha de Superagui. Para chegar até lá pegamos uma lancha "voadeira" em Paranaguá. Embarcamos as Bikes e tudo parecia tranquilo até chegar no canal. Bom, dai pra frente é onda que não acaba mais. Uma hora de viajem das quais pelo menos 40 minutos é pura emoção sobre as ondas na orla da Ilha do Mel e Ilha das Peças.

Ficamos na pousada que leva o nome da ilha, Pousada Superagui e os proprietários Olga e Daltom nos receberam com muita simpatia. Da esquerda pra direita ai estão Eu, o Frank e o Rodolfo o estreante.


A pousada é bem bacana e proporciona o suficiente e não custa caro. Nós pagamos uma diária de R$ 40,00 com café da manhã que pode variar de acordo com a temporada, normal.



Essa é a vista de quem chega: mar, sol, e barcos. No trapiche tem uma piazada que "puxa" a cavalo as malas dos turistas. Uma curiosidade é que os cavalos fazem coco em um "porta coco" pra não sujar a praia, o que é muito bacana da parte deles. No primeiro dia aproveitamos para conhecer a vila, andar pela trilha, conhecer os moradores e provar a comida.
Nossa aventura mesmo começou no dia seguinte as 9:30 da manhã. Estamos esperando um fazer um percurso de aproximadamente 40 Km partindo pela orla de Superagui, passando pela comunidade de Ariri atravessando o canal de barco e seguindo até Marujá, no estado de São Paulo.

PERCURSO DA VILA DE SUPERAGUI (PR) ATÉ A VILA DE MARUJÁ (SP)

O mapa do percurso traçado no Bikemap.net dá uma noção. Passe o mouse sobre a escala pra ver a localização.



De cara são quilômetros de praia e 360 graus de céu azul e sol. É literalmente a visão do paraíso. A agua limpíssima.Este trecho foi de 25 km de praia sem muita dificuldade, mas, realmente lindo, uma pintura viva.





A dificuldade ficou por conta do mangue, de novo. Com o mar avançando sobre a Mata Atlântica e as raizes das árvores formam uma rede quase intransponível. Ai foi uma hora inteira de obstáculos.

E não podia faltar as butucas!
Esse trechinho foi de matar!

Mas é um bom momento para agradecer a Deus pela vida e pela força que Ele nos dá brodinho.
Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão.




Essa é a Vila de Ariri. Conseguimos uma embracação para cruzar o canal para o ístimo (estreitamento da orla que separa o mar em dois lados). Foi difícil pois os pescadores não trabalham no feriado católico da sexta feira da paixão. Mas pelas cores do barco "Só Alegria" percebe-se que tem a ver com o Evangelho Quadrangular! Deus é bom.
Almoçamos nesse restaurante que é um projeto da UFPR com as mulheres dos pescadores, Muito bacana. O cardápio do PF (prato feito) é feijão com arroz, salada e dois files de peixe. Muito gostoso com sabor de comida caseira.
Deixando o restaurante, mais uma etapa até chegar naquela serra láaaaaa no fim do mundo. Perceba que a praia é lisinha e tudo é calmo e tranquilo.
Esse portalzinho dá acesso a comunidade da Vila de Marujá.

E tai brodinho. Chegamos as 15:00 horas, portanto, foram seis horas entre pedalada, obstáculos, descanso e refeições. O sorriso é por conta do objetivo cumprido.O velocímetro marcou 43 km percorridos. Bom, agora é só voltar!

Essa foto escura e sem foco resume a nossa volta, aparentemente tranquila. Na travessia do canal perdemos a trilha indicada pelo morador nativo e resolvemos ir pela orla. Só que fomos surpreendidos pela maré alta. Para chegar nesse refúgio atravessamos um pequeno trecho com água até o pescoço. (só fizemos isso porque era seguro) e ficamos alí nomeio da Mata Atlântica por 3 horas esperando a maré baixar. A paciência é uma virtude e quem faz aventura tem que estar preparado para imprevistos. Resultado é que fizemos 30 km no escuro! O que ficou ainda mais emocionante. Lembra dos meninos com as charretes, pois é, seguimos o rastro deixado pelos cavalos, o que nos livrou de encontrar um daqueles troncos na arreia. A lanterninha que todo mundo acha ridícula foi a salvação. Chegamos era quase 23 horas, com saldo de 86 km pedalados.
No dia seguinte descansamos e aproveitamos o sossego do lugar.

Olha ai o famoso peixe frito do PF da ilha.





Depois do almoço fizemos uma trilha até a praia deserta,uma trilha curtinha, com 40 minutos de pedalada.
A Praia Deserta é deserta mesmooooo. Demos um mergulho e como não tinha ninguém, nadamos pelados. Ai não tiramos fotos. Só Deus nos viu. Mas nós somos do bem e tudo vira brincadeira.
Finalzinho da tarde é um bom momento para fazer um balanço. Puxa... mais de 100 km percorridos...
Agradecer a Deus por tudo, por ter nos guardado,  pela vida, pela liberdade, e também pela oportunidade. Nem tudo é perfeito, a realidade que nos espera na cidade é repleta de desafios, problemas, conflitos pessoais. Mas fica a certeza da lição aprendida lá na enseada, na escuridão, encurralados pela maré: "vai passar, a gente tem que ter paciência e esperar..."

A noite fomos conhecer o famoso "fandango". Não é o salgadinho, é uma música típica que os moradores mais antigos se esforçam para manter viva. Nessa tapera que na verdade é um boteco, esses artistas deram um show emocionante. Os turistas se ajuntavam do lado de fora pois não cabia todo mundo. Aplausos.


E assim termino o relato dessa aventura com a imagem dessa rede enorme que estava sendo tecida em plena trilha e essa na qual todo mundo correu para ajudar os pescadores durante uma tempestade repentina. O vento estava arrastando a embarcação que seria arremessada contra o trapiche. Um enorme mutirão se formou para puxar o barco. Turistas e pescadores juntos. Rede de pesca e rede de gente. É a solidariedade em ação.
Um passeio que valeu a pena. Só que da próxima vez, não vou de "voadeira", pois a volta, com o mar de tempestade, enfrentamos ondas com 2 a 3 metros. Loucura. Valeu brodinho.

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