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Itupava Hardcore – frio, chuva e escuridão


Fazer o caminho do Itupava de ponta a ponta, saindo de Quatro Barras até Porto de Cima é um desafio clássico dos aventureiros de fim de semana. Estou falando da trilha, pois muitos fazem o percurso pelo trilho depois da Casa Ipiranga. Aliás, durante o percurso, não é raro encontrar pessoas das mais diversas partes do mundo encarando a trilha. Ou seja, a trilha é um grande desafio! Ao todo são 22 km até Porto de Cima.
Esta postagem mais antiga tem mais informações sobre o Caminho do Itupava que não vou repetir aqui, blz.
Normalmente, salvo alguns escorregões, a trilha é tranquila. Mas, some o frio, a chuva e a noite, daí brodinho, você vai estar “hardcoremente” encrencado. Bem, foi nesta condição que encaramos a trilha e este post é o relato dessa aventura.


Marcamos de sair de Curitiba as 7:00 da manhã, mas, um pequeno atraso devido ao preparo da rancho fez com que iniciássemos a trilha um pouco tarde, quase 9:00. Duas horas faz muita diferença como você vai perceber.
Quem nos deu suporte dessa vez foi o grande broder Emersom. Gente boa já levou a gente até Paranaguá no desafio de Superagui (veja o post aqui). Mas botar o pé na trilha, daí já não é com ele.
Fizemos nosso registro no postinho do IAP e lá fomos nós para dois dias de aventura. Nosso plano inicial era descer o Caminho do Itupava até o Cadeado, acampar ali e no domingo subir até o Complexo Marumbi, subir uma das montanhas e voltar de trem. Como eu disse, “era”...


Ai estão os aventureiros:
Jaksom

Roddy

Eduardo

Julio
A manhã estava fria e ameaçava abrir um solzinho. Estava frio, mas agradável para caminhar.

O percurso até a Casa do Ipiranga foi tranquilo. Encontramos vários grupos fazendo esse bate e volta.



Existem várias fontes de água potável durante o percurso.


Abastecidos com água seguimos adiante.

Esta ponte marca o fim desse percurso.

Depois dela, só mais um lance de subida e chegasse ao as ruínas. 
 Paramos ai para descansar, fazer um xixi e comer um lachinho.
E fazer várias fotos. Este ponto é bem bacana.






Seguindo um pouco mais adiante chegamos nas Ruínas Arruinadas da Casa Ipiranga.




Aqui fica alguns registros das ruínas, cada vez mais arruinadas por vândalos.









Exploramos um pouco mais o trilho do trem neste ponto.





Até aqui estava tudo bem e o Eduardo até arriscou uma dança da garça.

O Roddy fez um registro botânico do percurso, confere ai as fotos dele:







Desse ponto em diante a trilha começa a ficar cada vez mais difícil, com grandes aclives e declives escorregadios.

A trilha é revestida por esse calçamento histórico. Com a garoa que começava a cair, a pedras foram ficando bem lisas.





A dificuldade foi aumentando a medida que avançávamos no interior úmido da Mata Atlântica. Além de tudo, estávamos com as mochilas carregadas de equipamento e de comida. Reflexo do trauma que passamos no Pico Paraná onde ficamos sem água e com pouco alimento durante uma tempestade. Bom, como bem disse o Jaksom, nós somos especialistas em se meter em enrascadas!

Nossa primeira meta era chegar na Represa Véu da Noiva.
O acesso à represa fica depois da terceira cachoeira, no alto de uma subida. Uma pedra triangular riscada com a palavra “Veu” marca o ponto de acesso. Só clicar na pedra e um portal se abre... brincadeira! Que bom se fosse como no computador. Tem que sair da trilha por um caminho bem íngreme. Íngreme mesmo!
Ai está a represa. Bem linda mesmo.



Preparamos o almoço e descansamos um pouco.


Do outro lado da margem fica o trilho do trem. Alguns aventureiros seguem o restante do percurso até o cadeado pelos trilhos. É muito bonito, só que muito perigoso por causa das pontes e túneis. Imagine o que é ser surpreendido por um trem nessa situação.
Inversão Térmica

I´m Jedi and I know it

A neblina caiu pesada e a temperatura caiu bruscamente também, como se uma onda invadisse a represa. Voltamos para a trilha com a garoa cada vez mais forte.
Eduardo sem forças.
Desse ponto em diante, brodinho, nem queira saber. Foi hard. Nunca cai tanto na minha vida. A gente tinha que ir bem devagar para não se estatelar nas pedras. Com toda certeza, foi um dos percursos mais difíceis que fizemos devido as condições climáticas.




Chegamos no Cadeado já no escuro, as 18:00 horas. Só pra você ter uma ideia, demoramos três horas para fazer um percurso que tranquilamente faríamos em uma hora, como eu fiz no relato anterior.




Frio, chuva e escuridão daquelas de não enxergar um palmo a frente. Lanternas ligadas e lá seguimos nós ribanceira abaixo. É emocionante percorrer a trilha a noite, mas é um problema com chuva. Agora as quedas se tornavam rotina. Eu sofri uma feia, bati a testa no chão e quebrei meus heroicos óculos.
Já no vale, montamos as barracas debaixo de chuva forte. Cansados e aflitos. Dormir nessas condições é um dilema entre o sono e a atenção. Os pingos ficam batendo na lona da barraca, uma aflição. É como dormir acordado. Evidentemente não houve condições para registrar essa situação.



Já de manhã preparamos um bom lanche. Graças a Deus não estava mais chovendo. Mas a musculatura doía por completo. A barriga da perna então, ardia dolorida. Estávamos detonados.


Resolvemos abortar o plano de seguir para o Marumbi, visto que as condições eram desfavoráveis para qualquer investida, e com certeza só iríamos nos machucar ainda mais. Resolvemos seguir para Porto de Cima e almoçar por lá e voltar de ônibus.

Juntamos as tralhas e bora pra trilha novamente.

Esta placa marca o fim da trilha, mas tem um longo percurso de 8 Km que parece que não acaba mais, até Porto de Cima. 

Depois de três horas de caminhada desde o acampamento chegamos numa clareira na beira do rio. Paramos pra descansar e tomamos um banho. Imagina uma água congelada de doer os ossos! Mas foi revigorante, e extravasamos a tensão sofrida na noite anterior.


Depois seguimos até o posto do IAP, demos baixa e seguimos para Porto de Cima. O sol começou a aparecer o finalmente o clima melhorou.

Click do Jakson
Chegamos na Pousada Dona Siroba onde a Silvia, amiga de anos nos serviu esse delicioso prato combinado de Peixe com Frutos do Mar. Comemos mais que os Hobbits do condado.



Pegamos o ônibus as 16:30 em frente a pracinha. E aqui termina este post com essa linda imagem do Complexo Marumbi envolto pelo manto das nuvens. Olhe bem para essa imagem, e perceba atentamente que Deus pode ser encontrado nos lugares mais improváveis.

A lição que tiramos disso tudo é a de que os planos podem ser frustrados pelas incalculáveis e imprevistas dificuldades. Entretanto, se mantemos a serenidade e a confiança, não desanimando, o próprio caminho vai oferecendo as soluções e os recursos necessários para completarmos a jornada. Além disso, os laços de amizade e confianças ficam reforçados, fazendo com que nossa vida repercuta simplicidade e compaixão.
É isso brodinho. Quero terminar agradecendo a Equipe da Território Montain que me ajuda a escolher os melhores equipamentos. Acredite, faz muita diferença. E também aos amigos da Conquista Montanhismo que oferecem produtos de alta tecnologia que podem ser usados tanto por atletas de ponta como aventureiros de fim de semana como nós. Valeu!

Um comentário:

Mychael disse...

Cara muito legal o blog!!! Parabéns!